O GT da Romaria da Terra e da Água se reúne pela 2ª vez, em 2025, com a SEPLAN para discutir a criação de Comitê de Mediação de Conflitos Territoriais
Com o objetivo de ampliar a atenção às questões sociais de comunidades impactadas por grandes empreendimentos nos territórios do Piauí, a Secretaria de Planejamento (SEPLAN) recebeu, na manhã desta quinta-feira (25), representantes do Grupo de Trabalho (GT) da Romaria da Terra e da Água para discutir o decreto que visa instituir a Comissão de Mediação de Conflitos Territoriais (CMCT). A proposta é que a comissão possa promover a mediação dos conflitos territoriais e socioambientais existentes no Estado do Piauí.

A Romaria da Terra, com mais de 30 anos de atuação no estado, integra igrejas, movimentos sociais, comunidades tradicionais e órgãos públicos em uma ampla mobilização social.Realizada pela primeira vez em 1977, no Rio Grande do Sul, a Romaria da Terra chegou ao Piauí em 1988 e desde então tem percorrido diversas cidades como Oeiras, Teresina, São Raimundo Nonato, Barras, União, Uruçuí e Corrente. A 16ª edição aconteceu neste ano no município de Bom Jesus.
O Grupo de Trabalho retoma a pauta e é composto por representantes de entidades da sociedade civil, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), CÁRITAS Diocesana, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Kolping Piauí e Coletivo Antonia Flor . Também integram o grupo diversos órgãos do governo estadual, como SEPLAN, Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), Secretaria das Relações Sociais (SERES) e o Instituto de Terras do Piauí (INTERPI).

O território do Vale do Itaim, traz relatos diretos de moradores de Simões, Curral Novo, Betânia e Paulistana. Entre as principais demandas estão a construção de cisternas, moradias, a resolução de conflitos fundiários e preocupações relacionadas à implantação da Ferrovia Transnordestina.
Durante a reunião, foi discutida a proposta de criação de um decreto estadual para instituir a Comissão de Mediação de Conflitos Territoriais (CMCT), com foco na mediação de conflitos envolvendo povos originários e comunidades tradicionais afetadas por empreendimentos de alto impacto ambiental.
Para Hildebrando Pires, representante da CÁRITAS Brasileira na regional do Piauí, a reunião marca um avanço significativo. “Tivemos hoje a retomada de um comitê que já atuava como grupo de trabalho da Romaria da Terra e da Água. Agora avançamos para sua possível formalização como Comissão de Mediação de Conflitos. É um passo importante para garantir que, mesmo diante da chegada de grandes empresas, os territórios estejam protegidos e a vida das comunidades seja preservada”, afirmou.
O secretário de Planejamento, Washington Bonfim, reforçou o compromisso do governo com o diálogo.“É fundamental que o poder executivo explique à sociedade civil o que está por vir. Nenhum desenvolvimento é legítimo se não colocar a vida humana no centro do processo. E garantir isso passa pela escuta e participação de todos os envolvidos — especialmente das populações que vivem nos territórios impactados”, destacou.